G1/RO
05/01/2018 22h33
"É uma coisa desumana, que me tocou profundamente. Não só a mim como toda a equipe da pediatria", descreve o médico pediatra Luiz Antônio Dionello, sobre o estado de saúde de uma menina indígena de 12 anos. A paciente, que não anda, deu entrada no Hospital Regional (HR) de Vilhena (RO) esta semana, com larvas de mosca na boca. O HR foi informado de que a garota estava sendo cuidada na Casa de Saúde Indígena (Casai). A Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) não quis se pronunciar sobre o caso.
A menina é da aldeia Bacurizal, localizada no município de Nova Lacerda (MT), mas, de acordo com o médico, sempre foi tratada na unidade de saúde rondoniense. Dionello explica que, quando tinha por volta dos sete anos, a garota sofreu uma doença viral e, com isso, ficou com sequelas neurológicas. Desde então, ela não fala e não anda.
Ela também não se alimenta sozinha e, por isso, usa uma sonda gástrica. Além disso, em virtude das complicações da doença, ela também tem dificuldades na respiração.
Mais de 20 larvas foram retiradas da boca da menina. Ela foi medicada e o estado de saúde é estável, mas não há previsão de alta. “Não houve nenhuma obstrução respiratória, embora ela tenha corrido o risco tremendo de ter a obstrução, pela presença das larvas”, salienta.
O médico enfatiza que a índia precisa de cuidados especiais e não pode ficar na aldeia por causa das deficiências e problemas de saúde recorrentes, como pneumonia. “Ela estava gemendo, estava sentindo dor. Ela reconhece as pessoas, tem uma expressão de sensibilidade. É um ser humano, que nós temos que amar e respeitar”, enfatiza o médico.